Anular ou branquear, eis a questão!
Até 1997, votar branco ou nulo possuía suas diferenças. Os nulos eram retirados da contagem que definia o quociente eleitoral, ao passo que os brancos não. Para que ninguém durma em cima do teclado e babe no mesmo, ocasionando um curto no computador, impossibilitando o acesso a tão rebelde blog, deixaremos de lado as recreações matemáticas que compõem nossa tradição eleitoral.
No final das contas, votar em branco dificultava o acesso de minorias à representação no legislativo e em eleições majoritárias eram concedidos ao candidato mais votado. Mas isso não tem mais nada a ver. Hoje
Lembremo-nos da origem revolucionária zoológica de alguns candidatos. O mais importante era a criação de uma opção pelo próprio eleitorado. Se o eleitor quisesse, tinha a oportunidade de escolher rinocerontes, macacos, ou outros animais. Com a adoção da urna eletrônica, em nome da rapidez e segurança no momento da apuração, acaba-se com a possibilidade de se destinar o voto a qualquer entidade, independentemente de sua espécie, e com a liberdade da construção de opções.
Votar em branco significa uma maior passividade por parte do eleitor. Só faltava que o enorme botão BRANCO na urna eletrônica fosse roxo com bolinhas verdes para chamar mais atenção. O voto branco, neste caso, é apenas mais uma opção DADA ao eleitor, que ao invés de votar em um partido, opta por um “candidato” ofertado pelo sistema eleitoral (este em busca de sua legitimidade e não de cargos), ou seja, se abdica em favor do que os demais decidirem.
A origem anuladora do voto nulo difere daquela do branco. Votar em branco representa a concordância com a organização do sistema político, partidário, eleitoral, econômico, salarial, religioso, imagético, transcendental, ferroviário, hidroviário, de aviação, elétrico, hidroelétrico, radiofônico, de entretenimento e, talvez, Globo ou Brasileiro de Televisão.
O problema para quem vota nulo não se refere apenas às opções, mas como elas são construídas e oferecidas. O macaco Tião não era somente uma opção criada pelo eleitor indignado. Antes de tudo, era um desabafo em busca de uma nova organização política, que permitisse a ascensão de novos atores: tucanos e lulas poderiam (ou deveriam), deste modo, serem trocados por polvos, periquitos, tatus, e por aí vai...
4 Comments:
afinal, como diria o movimento negro anarquista: Não deixe a opção pelo voto nulo passar em branco!
No ensaio sobre a lucidez voto todo mundo nulo ou em branco? A idéia do livro é muito interessante.
Anulados, tou xonada! Tanto faz se vc é homem ou mulher, xonei. Aliás, o Miguw e Birugüi. Tb me deixam grávida de tantas idéias nulas! Aiiii, esse amor...
Parabéns pelo blog.
Ora pois, Ana. O velho Saramago dá uma fora mesmo, a maioria das pessoas vota em branco neste livro.
Por mais que seja interessantíssimo o desespero do governo desaprovado, a síndrome de teoria da conspiração e a continuidade do dia-a-dia para todo o restante da população, eles votam em branco.
Mas isso não é uma contradição do Saramago, afinal o sistema é bom com ele...
Ganhar um Nobel, ter uma ilha só sua e ser ídolo pop da esquerda "festiva" (que termo horrível, mas bem colocado...)não é pra qualquer "comunista", não é verdade?
Vc tem toda razao, Anulados!
Se no livro, todos anulassem o voto
ele correria o risco de per der o Nobel! hahahahah
Suspiros...
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