Um tempo que não volta mais
Caros leitores (se é q vcs existem)
Como vcs devem ter notado, estive ausente durante todo o mês de agosto. Isso porque decidi sair da minha cômoda cadeira estofada e caminhar Brasil afora em busca de alguém que pagasse um preço digno pelo meu voto (como foi já foi dito e repetido, um clipe e dois chicletes, nada menos!). Todavia, completamente desolado, volto para meu lar e comunico a vcs: não encontrei quase nenhum comprador! Sabe por quê? Porque depois dos mensalões e sanguessugas, todo político agora quer ser honesto!
Meu ato de cinismo, quer dizer, civismo, foi em vão! Até consegui umas dentaduras, mas com muita dificuldade. Hoje em dia, o comprador de voto é o primo do cunhado da vizinha do sobrinho do assessor de imprensa da segunda secretária do candidato. Acabaram com a venda direta, com a troca negociada entre iguais, com o mercado livre de votos. Se não bastasse, depois de passar pelos atravessadores ainda fui revistado, pois até câmera de celular pré-pago assustava. As relaçõesde confiança entre vendeleitores e candidatos foram substituídas por empresas especializadas (marketeiros) capitalistas sem a mínima ética!
Senti saudade dos bons tempos em que olhávamos para um candidato e podíamos bater no peito e dizer a nossa única certeza interior: esse é ladrão! Tempos da política em que a verdade reinava e que podíamos prever o que aconteceria. Quem algum dia acreditou na honestidade de Maluf? Votávamos nele porque víamos as ladroagens brotar de suas cândidas palavras. Ele é um grande homem porque age de forma coerente com nossas expectativas.
Hoje em dia nada mais é respeitado. Os desonestos assumidos caem e os desonestos não assumidos sobem. Fica somente a lembrança do sábio provérbio que este Mascate nostálgico que vos fala reproduz aqui:
“Mais vale confiar no desonesto, pois sabemos o que dele esperar! Já o honesto sempre pode nos surpreender!"
2 Comments:
Arrebentou, Mané!!! Só a desonestidade é sincera na política! Tow com vc e não abro!
como deixaria de notar?
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