Poxa... o Birigüi voltou empolgado e eu enrolei pra soltar esse post, se eu o fizer amanhã perde um pouco do sentido então lá vai:
Cenas do dia-a-dia. Domingão do Faustão. No meio da “dança” dos “famosos” o sapiente apresentador decide utilizar o espaço privilegiado de nos “obrigar” a ouvir o lhe der na telha para iluminar os pobres mortais que não aparecem na televisão, por meio de uma linda “lição” de cidadania.
Ele queria dizer que votar em Nulo ou em Branco era um retrocesso na cidadania. Isso seria anular um direito. É claro que em menos de um minuto o globalizado apresentador foi capaz de chegar com sua argumentação minuciosa e “perspicaz” a centenas de milhares de pessoas e ainda por cima convencê-las.
Mas o melhor foi o Walcir Carrasco falando que o global merecia um 10, porque a gente tem que procurar o melhor, nem que seja o menos pior... o que será que ele vai falar daqui 20 anos?
Enquanto isso os três anões do voto nulo tentam – com leves e pequenas picaretas – questionar o muro que foi construído para defender estas fantásticas instituições que são os partidos políticos.
Com esta crítica os dois buscaram deslegitimar o voto nulo, ao trazer um tom de irracionalidade a este tipo de voto. O motivo seria que quem vota nulo quer derrubar o sistema, mas que isso não ocorreria legalmente. Certíssimo, se não fosse por algumas considerações...
Primeiro, existem dois movimentos distintos a favor do voto nulo, em um deles pode-se dizer que estariam, na realidade, partidários do voto branco. Estes se preocupam com as opções ofertadas e não vêem problema com a organização política, uma modificação dos candidatos já seria o suficiente. Daí vem toda a teoria da conspiração sobre repetir as eleições com novos candidatos. Isso é interpretação da lei, depende do TSE, mas duvido que esta instituição concorde com algo assim (parece que já se manifestaram contrário, mas não tenho certeza no moment); e eles querem esse rolo bem longe deles...é só ver a campanha maciça contra o voto nulo. Você ainda pode somar a esta posição do TSE a ladainha presente em todas as campanhas (“não anule seu voto na privada, vote no seu camarada”). Todos os envolvidos no processo eleitoral estão preocupados com o voto nulo, claro que por um motivo um tanto mais pragmático... Afinal, tem quem ache que o argumento do desperdício do voto nulo cola fácil...
A outra interpretação se baseia na percepção da atual organização política como maléfica em seus princípios e fundamentos, o que acaba por corromper todos os instrumentos que saem daí; partidos, eleições, tribunais eleitorais, campanhas para desestimular o nulo, livros sobre o voto branco, etc. Eu acho que quem lê o blog sabe a qual corrente estes anões transitam... Nesse ponto ainda é possível tratar sobre os anarquistas e os não anarquistas, mas daí é só ler um post anterior do grande Miguw.
Defendemos o voto nulo pois é UMA das formas de expressarmos nossa visão, mas nunca a única. Não queremos a anulação das eleições, isso é pouco... Agora... se quase todo mundo anular o voto as mudanças institucionais serão pequenas, porém, um sentimento de insatisfação estará no ar...e isso É uma baita diferença.
A partir daí vamos ao segundo ponto falho do digníssimo apresentador. O VOTO nulo não vai derrubar nenhum sistema. Mas da forma como ele fala acaba por esquecer que o voto nulo não é apenas um voto, mas a percepção de VÁRIAS pessoas que sentem ter algo de errado com o sistema político. É engraçado como só parte das idéias de Locke chegam aos nossos dias, afinal, para este pensador, quem detêm o poder efetivo é o povo, que pode depor os membros do governo a qualquer momento, nem precisa ser de 4 em 4 anos... O poder É do povo, se a coletividade quiser modificar sua organização ela PODE, e não serão regras que modificarão esta situação.
Em época de prozac e lexotan uma pílula em forma de candidato é algo muito tentador...
1 Comments:
pô, se o fauston falou, eu tô contra!!!
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